É comum olhar no espelho e não gostar de algo em si mesmo, mas já teve a sensação de estar enxergando problemas em você que mais ninguém percebe? Ou então conhece alguém que aponta imperfeições em si próprio que claramente não existem? Esses comportamentos podem estar associados a dismorfia corporal.
Esse transtorno atinge cerca de 2% da população mundial, sendo cerca de 4,1 milhões só no Brasil, isso porque, nosso país está entre os tropicais, com maior exposição do corpo e consequentemente, maior pressão estética.
O distúrbio tem traços de compulsão, que costumam ser pouco percebidos por familiares e amigos. A dismorfia é mais do que apenas enxergar sua própria imagem distorcida simplesmente. Comportamentos obsessivos em função dessa autopercepção, como a necessidade de camuflar algum defeito, que pode ser em parte do corpo ou ele por completo, e o comportamento repetitivo de checagem da própria aparência no espelho, garantindo que o defeito em si, não está aparente.
O que é dismorfia corporal?
O transtorno dismórfico corporal é um transtorno psicológico cada vez mais comum, que atinge homens e mulheres de diversas idades.
Ele consiste, basicamente, numa distorção de imagem, onde a pessoa que possui esse transtorno mental que faz aumentar ou supervalorizar supostos defeitos e entrar em um processo de auto depreciação, que costumam afetar a vida da pessoa, seja no trabalho, nas relações pessoais e emocionais.
A dismorfia é mais comum na adolescência, fase onde costumamos ter uma preocupação excessiva com o próprio corpo, mas pode ser desenvolvida ao longo de toda a vida.
Além disso, o transtorno de dismorfia corporal costuma não andar sozinha. É recorrente os casos associados a outros distúrbios, como transtornos alimentares, uso de medicamentos para emagrecimento sem prescrição médica, ansiedade e depressão.
Quais são as causas da dismorfia corporal?
Transtornos mentais, de forma geral, costumam ter 3 fatores principais associados: genético, neurológico e ambiental, e o mesmo acontece no desenvolvimento do distúrbio dismórfico.
A depender das cargas psicológicas e vivências sociais e emocionais, a doença pode se desenvolver de maneira mais ou menos agressiva.
Pessoas vítimas de bullying, abuso sexual, abuso psicológico, costumam estar entre os casos de desenvolvimento desse tipo de transtorno psicológico. Também é comum em pessoas que realizam atividades de alta performance, como dançarinas de ballet e atletas de alto rendimento, que exigem um rendimento e disciplina física muito grande.
Quais são os principais sintomas do transtorno dismórfico corporal?
As pessoas que sofrem com esse transtorno, se preocupam em excesso com a aparência do corpo, mas, na maior parte dos casos, a preocupação excessiva tem como foco principal o rosto, como com o tamanho do nariz, das orelhas ou a presença excessiva de acne, por exemplo.
Os principais sintomas deste distúrbio, são:
- Baixa autoestima;
- Insatisfação constante com partes do corpo;
- Comportamento repetitivos, como se olhar frequentemente no espelho;
- Dificuldade para se concentrar atividades regulares do dia a dia, como trabalho; e
- Baixo convívio social.
Também é comum que a pessoa com transtorno dismórfico corporal sinta um sofrimento emocional psíquico muito grande, e isso faz com que ela evite ao máximo o convívio social, e quando na presença de alguém, fica repetidamente checando o defeito e se ele está devidamente “escondido”, chegando a ficar 6 a 8 horas por dia em função disso.
Nos homens os sintomas costumam se apresentar com preocupação excessiva em relação aos órgãos genitais, constituição corporal e perda de cabelo. Já entre as mulheres, a atenção costuma ser maior em relação a preocupação com a aparência da pele, peso, quadril e pernas.
Além disso, pessoas com esse transtorno costumam ter maior interesse por cirurgia plástica, principalmente como forma de “consertar” os defeitos que tanto incomodam. Por isso é tão importante contar sempre com profissionais qualificados, que estão prontos para avaliar a necessidade de cada caso individualmente.
Também é comum que pessoas com dismorfia corporal, comparem sua aparência constantemente com outras pessoas, muitas vezes, pessoas com biotipos completamente diferentes.
Como tratar dismorfia corporal?
Por se tratar de um distúrbio mental, é necessário que a pessoa realize um tratamento com um psicoterapeuta, em alguns casos, associados ao uso de medicamentos controlados e prescritos pelo psiquiatra de acordo com a necessidade.
A terapia cognitivo-comportamental busca tratar alguns elementos, como a reciclagem, autopercepção e a inversão dos comportamentos de dermatotilexomania e/ou tricotilomania. Além disso, o tratamento costuma:
- Treinar a conscientização
- Analisar estímulos
- Treinar resposta alternativa ou competitiva
Ao longo do tratamento, família e amigos têm papel fundamental, isso porque na maioria dos casos, o paciente tem dificuldades em identificar os pontos frágeis e que geram as ações de auto apreciação, e a rede de suporte entra como uma forma de reforçar o tratamento e contribuir para construção de uma nova imagem do paciente sobre ele mesmo.
Além disso, pacientes com dismorfia corporal podem ter os sintomas agravados quando possuem acesso excessivo à mídias sociais ou certos conteúdos em filmes e séries, isso porque o gatilho de comparação devido à alta exposição – quase sempre perfeita – na internet se intensifica quando em contato com essa realidade tão divergente.
Porém, é importante reforçar que, caso você tenha se identificado com esse artigo, você deve procurar um profissional que possa te acompanhar e definir um diagnóstico correto.
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