”Dr. quero fazer lipo + mama + abdômen e a cirurgia dos braços. É possível?” Esta e outras perguntas semelhantes são comuns de serem ouvidas por nós, cirurgiões plásticos. Mas qual o limite? Quantas cirurgias podem ser associadas com segurança? A pergunta aparentemente simples, na verdade é bem complicada. Quando avaliamos o risco cirúrgico, levamos em consideração diversas variáveis, como: risco do pacientes, tempo operatório, sangramento estimado, áreas operadas, logística de pós-operatório.
Cirurgias podem ser associadas?
Quanto ao risco do paciente, avaliamos idade, histórico de doenças familiares, doenças prévias, exames. Um paciente jovem com certeza suportará maior tempo de cirurgia e sangramento. Também terá menos patologias como hipertensão, problemas da tireoide, risco cardiológico.
Fatores a ser considerar
O tempo operatório é um fator que poderá interferir ou não na quantidade de sangramento. Mas nem sempre isso é verdade. Às vezes o tempo operatório é maior para evitar sangramento, como por exemplo uma lipoaspiração feita o tempo todo com cânula fina. Ela tira a gordura mais lentamente, mas machuca menos os tecidos, com sangramento consequentemente menor. Porém, o risco de trombose é maior em cirurgias mais longas.
Sangramento
O sangramento estimado também depende do tipo de cirurgia. Uma cirurgia de lifting facial, às vezes pode demorar 6 horas, mas sangra muito pouco. Uma lipoaspiração ou abdominoplastia pode sangrar mais em metade do tempo.
As áreas a serem operadas são fundamentais para a avaliação da associação das cirurgias. Por exemplo, como associar uma cirurgia prótese de mama e prótese de glúteo, quando ao operar uma delas o paciente estará deitado sobre a outra recém operada? E com faria para dormir, qual a posição?
Pós-operação
A logística pós-operatória é igualmente importante. Uma paciente que tiver um mês ou mais para recuperar, tendo auxilio de mais pessoas para tomar banho, se vestir, etc com certeza poderá associar mais cirurgias que outras que dispõem de estrutura e tempo menor no pós-op.
Considerações finais
De nada adianta fazer muitas cirurgias para “aproveitar a anestesia e a mesma recuperação”, caso tenha complicações e o resultado seja comprometido por abertura de pontos, infecção ou cicatrizes ruins.
Sendo assim, as cirurgias mais fáceis de serem associadas, são aquelas em que se enquadram na mesma área cirúrgica ou nas quais o pos-operatório pode ser realizado na mesma posição, com por exemplo: lipoaspiração e abdominoplastia, mamoplastia e abdominoplastia, lifting facial e cirurgia das pálpebras ou nariz, prótese de mama de lipoaspiração.
Mais cirurgias podem ser associadas, quando todas estas premissas sejam respeitadas. Vale sempre lembrar que a cirurgia plástica não é uma cirurgia de urgência e por isso, deve ser bem programada. E assim ter o melhor resultado possível e com máxima segurança.
Muitas vezes é melhor dividir as cirurgias requeridas em dois tempos cirúrgicos.
Dr. André Gonçalves de Freitas Colaneri
Cirurgião Plástico Especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica