Estética

Pintas – Quando se preocupar?

As pintas – essas lesões coloridas na pele – sempre chamaram atenção sobre sua possível transformação em câncer de pele. Ainda mais nos dias de hoje, com o sol cada vez mais forte, pela redução da camada de ozônio.

Por que as pintas aparecem?

As pintas são pequenas formações planas ou em relevo, lisas ou rugosas na pele. A maioria possui tons de castanho e são compostas de células especiais, as névicas – o nome científico da pinta é nevos -, que não têm outra função além de formar essas lesões.

O que faz elas aparecerem é a predisposição genética, mas a exposição solar também conta. Quanto mais somos expostos ao sol, maiores os riscos de termos pintas precocemente. Elas “nascem” geralmente na infância e adolescência, mas algumas podem surgir até a terceira década de vida.

Pintas e sardas são a mesma coisa?

Não, as duas possuem formações diferentes. As sardas sempre são planas, decorrem do aumento na quantidade de melanina, têm coloração castanho-claro e é produzido por outra célula, o melanócito.

O principal fator desencadeante para quem apresenta tendência hereditária para desenvolvê-las é a exposição à luz solar. Por isso, é recomendado tomar muito cuidado especialmente na praia e no alto verão, até porque, o sol pode aumentá-las em quantidade e tamanho e vir a escurecê-las.

Como as pintas se formam?

1. Como tudo começou: Os melanócitos são células que ficam na camada basal, logo abaixo da epiderme. Sua principal função é produzir melanina, pigmento responsável pela cor da pele.

2. As células começam a formar nossas pintas: Por motivos ainda não esclarecidos pela ciência, os melanócitos se aglomeram e a pinta aparece. Eles costumam dar as caras entre os primeiros anos de vida até a adolescência.

3. Tudo muito calmo: A princípio, os nevos são benignos. É até natural que, no desenvolvimento da criança, alguns cresçam, fiquem salientes e ganhem pelos.

4. Cuidado! Cuidado! Cuidado!: A pinta pode virar um câncer de pele, especialmente um grave melanoma. Isso ocorre diante do excesso de radiação solar ou se a região é lesionada constantemente. Para flagrar e barrar as alterações, recorra à regra do ABCDE – que é encontrado mais abaixo.

Mas quando precisamos mesmo nos preocupar? Todas as pintas são perigosas?

Não. Na verdade poucas são. Porém, a potencialidade de um câncer de pele deve ser levada a sério.

Há três tipos mais frequentes de câncer de pele. O mais comum, o carcinoma basocelular (CBC), é um tipo de câncer que não dá metástase. Porém, cresce e vai invadindo a pele progressivamente. Não advém de nevus (pintas). É uma lesão que surge na pele, geralmente avermelhada, de bordas irregulares, levemente mais endurecidas e claras (peroladas).

O carcinoma espinocelular (CEC) é o segundo câncer de pele mais frequente. Ele pode dar metástase. É uma lesão também irregular, avermelhada, mas sem as bordas peroladas. Também não decorre de uma pinta.

O melanoma é o terceiro câncer de pele mais freqüente. Ele sim pode evoluir de uma pinta, principalmente do nevus displásico. Pode dar metástases pelo sangue ou pelos gânglios e é muito agressivo. O diagnóstico deve ser precoce, para dar tempo de curá-lo. Geralmente se apresenta como uma lesão escura, assimétrica, de bordas irregulares, e coloração de diferentes tonalidades. Toda pinta que muda de característica (ex: cor ou cresce ou coça ou sangra) deve ser examinada prontamente por um dermatologista e se necessário retirada pelo cirurgião plástico.

Didaticamente a regra do ABCDE pode nos ajudar a identificar um melanoma:

A: Assimetria da lesão (lesões simétricas, arredondadas, geralmente são benignas), são aquelas que possuem lados proporcionais.
B: Bordas irregulares no melanoma, são irregulares e com linhas tortas.
C: Coloração de mais de uma tonalidade, não homogênea, deve-se manter o olho aberto se a pinta tem duas ou três tonalidades.
D: Dimensão maior que 6mm ou mudança de tamanho, se caso existir sinais com mais de meio centímetro exigem cuidado.
E: De Evolução, são aquelas que crescem rápido são perigosas.

Para prevenir do surgimento de câncer de pele, é fundamental evitar a exposição solar excessiva, usar protetor solar frequentemente (a cada 4 horas, fator 15 ou mais) evitar de fumar. Como o fator genético é importante, familiares que tenham casos na família devem redobrar os cuidados e fazerem acompanhamento periódico com o dermatologista.

Dr. André Gonçalves de Freitas Colaneri
Cirurgião Plástico Especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

Publicado por
Dr. André Colaneri - CRM-SP 87886